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FERNANDO POSSENTI: O TÉCNICO "OURO" DA OLÍMPIADA DE TOKYO 2020 NA MARATONA AQUÁTICA

Atualizado: 30 de mai. de 2023

Com mais de 20 anos dentro das águas, Fernando Possenti alcançou o até então ápice da sua carreira em 2021 nos Jogos Olímpicos de Tóquio. Eleito seis vezes melhor técnico do mundo pela Federação Internacional de Natação (FINA) e duas vezes vencedor do Prêmio Brasil Olímpico, para ele nada se compara a medalha de ouro olímpica conquistada por Ana Marcela Cunha, nadadora da maratona aquática que Possenti treina. Agora, aos 43 anos, técnico e atleta miram repetir o êxito em Paris 2024. Ana Marcela é a maior vencedora do Circuito Mundial da FINA 10K, com recorde no Guinness Book.


Como você começou a atuar como técnico de maratona aquática?

Fernando Possenti: A maioria dos treinadores de maratona aquática não começam com maratona aquática. São treinadores de natação e eu tenho o prazer de continuar sendo treinador de natação. A maratona aquática é uma especialidade dentro da natação, é um esporte muito interessante, muito bacana, mas continua atrelado e vinculado a natação tradicional. Eu comecei a dar aula de natação em escolinha, em academia, com 17 anos de idade, estagiando porque eu precisava levantar um dinheiro. Aos 19 eu já atuava como treinador. Em determinado ponto da minha carreira eu estive em um clube onde o diretor de natação do clube, a pessoa que me contratou, gostava muito de maratona aquática. Ele já tinha sido treinador de maratona aquática e falou que lá a gente trabalharia as duas coisas conjuntas. E eu adorei a ideia, comecei a me especializar, até que isso virou meu carro chefe. Tem mais de 20 anos que eu trabalho com natação.


Do ponto de vista de um técnico, o que foi necessário para no mesmo ano a Ana Marcela conquistar o Circuito Mundial e o ouro olímpico?

Fernando Possenti: Como que isso foi possível? Planejamento. A gente se planejou dentro do calendário para performar em alguns momentos que seriam chaves, momentos esses que deixariam ela de maneira “tranquila” para conquistar o circuito mundial, ela não foi à todas as provas. Em algum momento ela poderia ter

perdido o circuito mundial por não ter ido em algumas provas, mas que a gente achou importante não participar visando os Jogos Olímpicos. E no final conseguimos recuperar essa pontuação perdida e ganhar as duas competições no mesmo ano, graças ao planejamento bem executado. Planejar é bacana, mas executar é outra história.


Para você qual a importância do planejamento de carreira para atletas?

Fernando Possenti: Eu acho a palavra muito forte. Eu não vivo sem planejamento. É uma questão de modus operandi, de como cada um funciona. Há três semanas eu entreguei ao meu empregador, o Comitê Olímpico Brasileiro (COB), o planejamento da Ana até Paris 2024. Se você me perguntar de cada mês daqui até agosto de 2024, eu sei exatamente onde ela vai estar, o que ela vai fazer, que competição ela vai nadar, o quanto ela vai treinar, tudo. Por que? Porque eu não consigo viver sem isso. E planejamento de carreira é a mesma coisa. Existem fases na vida, e fases essas que em algum momento precisam de uma transição. E se forem inseridas num planejamento é mais natural, mais fácil de se lidar. Então acho super importante.


Como atleta de alta performance é essencial formular objetivos de curto a longo prazo. E para você, na sua carreira como técnico, quais seriam seus próximos objetivos?

Fernando Possenti: Eu sou muito competitivo. Então se eu não tivesse que pensar muito eu diria que é ganhar tudo. E as pessoas riem e falam que sou engraçadinho. Mas não é engraçadinho, eu trabalho. Se eu abro mão da minha família, de tudo, o mínimo que eu tenho que fazer é trabalhar numa excelência tal que me permita sonhar em ganhar tudo. É o mínimo que eu me cobro. Mas como, graças a Deus e a muito trabalho, a gente já ganhou tudo, o objetivo agora é ganhar tudo tudo de novo. É fazer tudo isso mais uma vez.


Eu tive sempre um ponto ali na maratona aquática que é a Ana Marcela, que é maravilhosa como atleta, sensacional. Eu me sinto à vontade para falar porque já comentei com ela, o legado dela não são os resultados dela. O legado dela é a frase que ela escreveu no Instagram na primeira foto que ela postou com a medalha olímpica: acredite nos seus sonhos. Ela faz com que as pessoas acreditem nos seus sonhos. Para os atletas que estão no entorno dela e treinam comigo, o maior legado que ela pode deixar e que eu acho que estou deixando é a cultura do ambiente criado. Isso para mim tem uma importância enorme e eu enxergo isso de uma maneira que outros treinadores deveriam enxergar. O ambiente mental e psicológico é tão importante quanto o planejamento fisiológico e biomecânico. Caso contrário, você não consegue manter o nível de excelência e não consegue manter um grupo unido, com alto astral, a fim de fazer com tesão o que está fazendo. Então esse é o meu sonho, meu plano a curto, médio e longo prazo, que mais atletas possam experimentar esse ambiente e que isso possa ser um dia uma cultura dentro dos outros locais. Mesmo que eu não esteja mais lá, isso pode ser um legado meu.


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